A Associação Americana de Fonoaudiologia recomenda o termo Apraxia de Fala na Infância para o “Distúrbio neurológico motor da fala na infância, resultante de um déficit na consistência e precisão dos movimentos necessários à fala, na ausência de déficits neuromusculares (por exemplo, reflexos anormais, tônus alterado).”
Ela pode ocorrer como resultado de um impedimento neurológico de origem desconhecida, associada à desordens complexas do neurodesenvolvimento.
Basicamente, na apraxia ocorre um deficit no planejamento e/ou programação dos parâmetros de espaço-tempo das sequencias de movimentos e que resultam em dificuldades e erros na produção da fala.
Princípios para o plano da terapia fonoaudiológica
Um aspecto fundamental da intervenção, é que a terapia seja motivadora para a criança!
Deve ser divertida e agradável, além de cuidadosamente planejada, para não cobrarmos algo que a criança não está apta a realizar ainda e seguir princípios de aprendizagem motora.
A participação da família no processo terapêutico também é fundamental. Um aspecto na intervenção é o aprendizado motor e, para isso, o treino em casa é muito importante para que haja a memorização do plano motor e consequentemente a automatização da fala.
Considerando que a criança passa a maior parte do seu tempo com os pais, as oportunidades para a prática são multiplicadas quando os pais encorajam e participam do treino em casa.
Os pais também poderão auxiliar o fonoaudiólogo, compartilhando informações quanto à personalidade e preferências da crianças, tais informações poderão ser utilizadas como motivadores terapêuticos.
Como a família pode ajudar a criança?
Entenda e acolha a dificuldade da criança, é essencial que ela sinta esse apoio. Ela realmente tem um problema, não é preguiça;
A criança com apraxia apresenta uma desorganização. Por isso, cuidado com ambiente familiar, organize os brinquedos, estabeleça rotinas, limites e regras em casa. Controle a ansiedade! Não obrigue ou pressione a criança para falar;
Lembre-se sempre: você quer que a criança tenha atenção aos movimentos da fala e que tente imitá-los. Tente identificar a fala, sem perder a naturalidade. Falar rápido ou demais, usando frases longas não ajuda;
Pegue objetos/brinquedos que a criança goste e ao nomeá-los, segure-os próximos a sua boca. Essa estratégia faz com que a criança direcione o olhar aos movimentos da boca;
Pistas visuais (movimentação da boca, língua, mandíbula) auxiliam a criança a planejar seus movimentos de fala.
Converse e mostre para ela como a boca se movimenta.
Busque formar de comunicação complementar e/ou alternativa enquanto a criança esta aprendendo a falar claramente, pois ela precisa de expressar de alguma forma. Lembrando que esses meios não inibirão o desenvolvimento da fala da criança!
Essas dicas vão ajudar muito no desenvolvimento da fala da criança.
Fonoaudióloga clínica com mais de 20 anos de experiência em estimulação da sucção, desenvolvimento da linguagem, motricidade oral, ronco e apneia do sono, estética facial, disfagia e voz.