Em um estudo realizado pelo Instituto do Sono da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) mostra que em média 32% da população da cidade de São Paulo sofre com a Apneia do Sono. Esse distúrbio é caracterizado pela interrupção da respiração durante o sono o que causa o despertar do paciente ao longo da noite e, consequentemente, sonolência durante o dia. Pessoas com obesidade, que tenham garganta estreita ou com mandíbula deslocada estão mais propensas a terem este distúrbio e por este motivo, estão mais expostas a desenvolverem doenças cardiovasculares como infarto e derrame, por exemplo.
A diminuição de peso, em caso de obesidade, uso de placa para mandíbula e até mesmo a utilização, em casos mais extremos, de uma máscara de ar para auxiliar na respiração durante o sono são os tratamentos mais comuns no entanto, pesquisas apontam, que os exercícios de fortalecimento da musculatura da garganta envolvendo também a movimentação da língua e do palato mole, parte posterior do céu da boca, reduzem em aproximadamente 40% a gravidade da apneia do sono e seus sintomas.
Estes exercícios desenvolvidos pela fonoaudióloga Kátia Carmello Guimarães junto aos médicos do Instituto do Sono do Instituto do Coração de São Paulo, foram avaliados em laboratório e durante três meses os pesquisadores acompanharam cerca de 31 pacientes dividindo-os em dois grupos: 16 realizaram corretamente os exercícios e os outros 15 fizeram de maneira incorreta, ambos durante 30 minutos por dia. Segundo relatado pelo autor do estudo Geraldo Lorenzi Filho, no final desses três meses de acompanhamento, os eventos da apneia cairam de 22,4 para 13,7 por hora de sono de acordo com a escala da polissonografia, o ronco que era alto nos pacientes devido a dificuldade da passagem do ar, se aproximou ao ruído da respiração e além disso, foi observado que houve melhora no tônus da musculatura da garganta.
Sabemos que os exercícios não solucionam em definitivo o distúrbio da apneia, mas proporcionam melhores condições e conforto para quem apresenta este quadro. Lia Rita Azeredo Bittencourt, pneumologista do Instituto do Sono da UNIFESP afirma que os “pacientes que fazem exercícios [com técnicas diferentes] relatam melhora na qualidade de vida, dizem que dormem melhor (…)” mas, por não serem de fato curativos, podem ser complementos a serem realizados junto com o tratamento em si. O importante é que os exercícios devem ser orientados por um fonoaudiólogo para que haja a garantia de que os exercícios estão sendo realizados de maneira e na frequência correta, pois do contrário, os sintomas expostos anteriormente poderão voltar.