Essa é uma queixa muito comum no consultório e nas conversas de roda com outras mães até quando a criança troca os sons da fala (fonemas). Nessas situações a resposta é sempre a mesma: depende do fonema, ou seja, o som da fala e também da idade da criança.

Um exemplo que ocorre muito no consultório é a criança que troca /V/ por /F/ falando FACA ao invés de VACA, /D/ por /T/ TATU ao invés de DADO, /G/ por /C/ CATO ao invés de GATO. Existem outras trocas que seguem o mesmo padrão, por exemplo, a troca de /J/ por /X/ fala CHATO ao invés de JATO, /Z/ por /S/ CAÇA ao invés de CASA, /B/ por /P/ PATO ao invés de BATO. Esses tipos de troca são chamados de Ensurdecimento e são consideradas trocas atípicas, ou seja, não faz parte do processo de desenvolvimento da fala. Nestes casos, a criança deverá começar o tratamento assim que for observada a troca.

Outra queixa comum é o famoso “Tatibitati”. Caracterizado quando a criança opta por /T/ ao invés de /S/ falando TAPO ao invés de SAPO, /D/ por /Z/ CADA ao invés de CASA, /C/ por /X/ fala CACO ao invés de CHATO, /G/ por /J/ (fala GARRA ao invés de JARRA), /P/ por /F/ fala PIO ao invés de FIO e /B/ por /V/ fala BOBÓ ao invés de VOVÓ. Chamamos de Plosivação de Fricativa essas trocas. No entanto, diferentemente do ensurdecimento, ela é considerada típica, ou seja, faz parte do processo de desenvolvimento da fala e pode ocorrer até os 2 anos e 6 meses.

A famosa fala do personagem Cebolinha é a campeã dos consultórios de fonoaudiologia. Neste caso, a criança que troca o /R/ pelo /L/ falando ALALA ao invés de ARARA, por exemplo. Este é denominado de Simplificação de Líquida e pode ocorrer até os 3 anos e 6 meses. Se o som do /R/ pertencer a um grupo consonantal como no caso de PRATO, podemos esperar um pouco mais até mais ou menos 5 anos e 5 meses.

Quanto aos sons, a maioria deles devem estar presentes até por volta dos 3 anos e 6 meses, havendo algumas exceções como: o arquifonema S de eScada e o arquifonema R de aRca. Ambos devem se fazer presentes até por volta dos 4 ou 5 anos.

Se o caso do seu filho não aparece aqui, deixe um comentário. Caso tenha alguma dúvida sobre a fala do seu filho, procure um fonoaudiólogo que ele irá avaliar mais atentamente verificando assim se a fala dele está adequada ou não para a idade.

Bibliografia:

ANDRADE, Cláudia Regina Furquim [et.al] ABWF – Teste de Linguagem Infantil: nas áreas de fonologia, vocabulário, fluência e pragmática. Tiragem da 2ª edição. Rev. ampl. e atual. Barueri, São Paulo. Pró-Fono, 2011.

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